A chaga dos ombros
Ainda que pudessemos explicar muitas questões catequéticas primordiais;
Ainda que fossemos muito cultos e completos;
Não há nada melhor do que os dizeres de Nosso Senhor Jesus Cristo, de seus teólogos devotos e de seus santos sobre a maior tragédia que pode acontecer à alguém: o pecado mortal.
(Peço que, se não forem ler todas as citações, leiam o que direi, pessoalmente, ao fim do post)
1. Adolphe Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, Editora Ecclesiae:
"Dessa categoria (os principiantes) estão excluídos os que cometem frequentemente pecados mortais e não evitam as ocasiões de pecar, pois embora possam ter uma fraca vontade de converter-se, falta-lhes resolução firme e eficaz. Estes sequer entraram no caminho da perfeição. São pecadores, mundanos, que primeiramente devem desapegar-se do pecado mortal e evitar as ocasiões de cometê-lo."
"Na primeira morada do castelo interior (...) essas almas querem harmonizar a piedade com a vida mundana. Sua fé não está suficientemente iluminada e a vontade não é firme e decidida o bastante para renunciar, não somente o pecado, mas às diversas ocasiões perigosas".
2. François de Sales Pollien e Joseph Tissot, A Vida Interior, Editora Cultor de Livros:
"Os primeiros esforços da piedade se dirigem contra essa abominação, e sua primeira honra será triunfar dela. Não importa o quanto custe, ela se empenhará em reduzir os prazeres à sua ordem de submissão e de serviço, sem permitir a si mesmo nenhuma falta grave".
"Quando essa disposição (de não cometer faltas graves) tiver se tornado solidamente estabelecida, então cheguei ao primeiro grau de piedade".
3. Santa Tereza de Jesus, Castelo Interior, Minha Biblioteca Católica:
"Sei de uma pessoa a quem se dignou Nosso Senhor mostrar como fica uma alma quando peca mortalmente. Diz ela que, segundo lhe parece, se todos o entendeseem não haveria um só homem capaz de epcar, ainda que tivesse de sujeitar-se aos maiores trabalhos para fugir das ocasiões"
"Ó almas remidas pelo Sangue de Jesus Cristo! Compreendei vosso estado e tende compaixão de vós mesmas! Como é possível que, entendendo estas verdades, não procureis tirar de vós o pecado - esse piche que obscurece o cristal? Pensai bem: se a vida acabar, jamais tornareis a gozar deste Sol! Ó Jesus, e que espetáculo o de uma alma apartada de vós! Como ficam os pobres aposentos do castelo! Quão perturbados andam os sentidos, que são a gente que aí vive! (...) De um homem espiritual ouvi certa vez que não se espantava dos excessos cometidos por quem está em pecado mortal, mas sim dos que deixa de cometer."
4. Santa Faustina Kowalska, O Diário de Santa Faustina
"Quando cheguei para a adoração, logo me envolveu o recolhimento interior. Vi Nosso Senhor amarrado ao tronco e logo sobreveio a flagelação. Vi quatro homens que se revezavam em açoitar o Senhor com azorragues. O meu coração desmaiava só de olhar para esses suplícios. Então, o Senhor me disse estas palavras: Sofro uma dor maior ainda do que esta que estás vendo. E, Jesus deu-me a conhecer por quais pecados submeteu-se à flagelação: foram os pecados da impureza. Oh, por que terríveis sofrimentos morais passou Jesus quando se submeteu à flagelação. - Então, Jesus me disse: Olha e repara bem o gênero humano na presente condição. E, imediatamente, vi coisas horríveis: afastaram-se os algozes de Nosso Senhor e vieram flagela-lo outras pessoas que seguravam nas suas mãos os chicotes e castigavam sem piedade o Senhor. Eram sacerdotes, religiosos e religiosas. Havia leigos de diversas idades e classes - todos descarregavam sua maldade sobre o inocente Jesus. E quando o flagelavam os carrascos, Jesus se calava e olhava para longe, mas quando O flagelavam essas almas que falei acima, cerrava os olhos e um gemido surdo, mas terrivelmente doloroso escapava-lhe do Coração."
5. Antônio Royo Marin, Ordem dos Pregadores, "O Grande Desconhecido, o Espírito Santo e seus dons", Editora Ecclesiae
"A dignidade de uma alma em estado de graça é tão grande, que ante ela se desvanecem como fumaça todas as grandezas da terra. Que significa toda a criação ante um mendigo coberto de andrajos, que no entanto leva em sua alma o tesouro da graça santificante? Há mais distância entre esse mendigo e uma alma em pecado mortal (que carece da graça) do que a distância que existe entre esse mesmo mendigo e o maior dos santos canonizados, incluindo o que há entre ele e a Virgem Maria. A que altura tão egrégia nos eleva a simples possessão da graça santificante!"
Pois bem. Estas pequenas meditações dos santos trazem uma luz à nossas inteligências sobre a grandeza e a gravidade de um pecado mortal.
Mas não quero - longe de mim - gerar em nós qualquer tipo de escrúpulo. O que gostaria de demonstrar é que, em primeiro lugar, a fuga e a exclusão do pecado mortal de nossas vidas é a primeira "meta espiritual" que todos nós devemos ter no horizonte. É claro e evidente que muitas outras coisas precisam ser organizadas antes que esse objetivo seja atingido, e para isso os nossos diretores espirituais devem ser estritamente obedecidos e ouvidos.
Em um mundo - inclusive dentro da Igreja - em que o pecado mortal é considerado como um "acidente de percurso", nossas almas estão tão profundamente desordenadas por dentro que é quase irreal falar em um período curto de purificação e reordenamento interior das nossas almas. Por isso, a virtude da paciência é essencial. Paciência conosco mesmos, com nossas fraquezas e limitações.
Todavia, ter paciência conosco mesmos e ser coniventes e acomodados tem um abismo de diferença. Lembre-se, querido amigo: devemos nos converter.
A fé é o caminho! Peça a conversão ao Bom Deus! Ele nunca nos nega algo que é necessário para a salvação! Por isso, esta boa e piedosa oração é sempre infalível.
Mas lembre-se: você não é um coitadinho miserável que não consegue se libertar, vítima de suas próprias limitações. Talvez sejamos todos preguiçosos, que admiramos "o melhor dos dois mundos". Santa Teresinha também era a alma mais pequena, muitas vezes mesquinha e mimada que o Carmelo de Lisieux já havia recebido.
Mas a graça e a misericórdia do Bom Deus fizeram dela uma das maiores santas dos tempos modernos.
Lembre-se, ó miserável alma: a chaga mais esquecida do Bom Jesus é a chaga dos ombros. Tudo o que Jesus assumiu na paixão, ele redimiu e salvou. O peso da sua própria miséria (o peso da cruz que Ele carregou!) caiu sobre os ombros do Cristo.
E ele carregou até o fim.
Ande! Converta-se!
Vamos à Ele, todos nós que estamos cansados e carregados de fardos, e encontraremos descanso!
Que o Bom Deus te abençoe.
Ainda que fossemos muito cultos e completos;
Não há nada melhor do que os dizeres de Nosso Senhor Jesus Cristo, de seus teólogos devotos e de seus santos sobre a maior tragédia que pode acontecer à alguém: o pecado mortal.
(Peço que, se não forem ler todas as citações, leiam o que direi, pessoalmente, ao fim do post)
1. Adolphe Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, Editora Ecclesiae:
"Dessa categoria (os principiantes) estão excluídos os que cometem frequentemente pecados mortais e não evitam as ocasiões de pecar, pois embora possam ter uma fraca vontade de converter-se, falta-lhes resolução firme e eficaz. Estes sequer entraram no caminho da perfeição. São pecadores, mundanos, que primeiramente devem desapegar-se do pecado mortal e evitar as ocasiões de cometê-lo."
"Na primeira morada do castelo interior (...) essas almas querem harmonizar a piedade com a vida mundana. Sua fé não está suficientemente iluminada e a vontade não é firme e decidida o bastante para renunciar, não somente o pecado, mas às diversas ocasiões perigosas".
2. François de Sales Pollien e Joseph Tissot, A Vida Interior, Editora Cultor de Livros:
"Os primeiros esforços da piedade se dirigem contra essa abominação, e sua primeira honra será triunfar dela. Não importa o quanto custe, ela se empenhará em reduzir os prazeres à sua ordem de submissão e de serviço, sem permitir a si mesmo nenhuma falta grave".
"Quando essa disposição (de não cometer faltas graves) tiver se tornado solidamente estabelecida, então cheguei ao primeiro grau de piedade".
3. Santa Tereza de Jesus, Castelo Interior, Minha Biblioteca Católica:
"Sei de uma pessoa a quem se dignou Nosso Senhor mostrar como fica uma alma quando peca mortalmente. Diz ela que, segundo lhe parece, se todos o entendeseem não haveria um só homem capaz de epcar, ainda que tivesse de sujeitar-se aos maiores trabalhos para fugir das ocasiões"
"Ó almas remidas pelo Sangue de Jesus Cristo! Compreendei vosso estado e tende compaixão de vós mesmas! Como é possível que, entendendo estas verdades, não procureis tirar de vós o pecado - esse piche que obscurece o cristal? Pensai bem: se a vida acabar, jamais tornareis a gozar deste Sol! Ó Jesus, e que espetáculo o de uma alma apartada de vós! Como ficam os pobres aposentos do castelo! Quão perturbados andam os sentidos, que são a gente que aí vive! (...) De um homem espiritual ouvi certa vez que não se espantava dos excessos cometidos por quem está em pecado mortal, mas sim dos que deixa de cometer."
4. Santa Faustina Kowalska, O Diário de Santa Faustina
"Quando cheguei para a adoração, logo me envolveu o recolhimento interior. Vi Nosso Senhor amarrado ao tronco e logo sobreveio a flagelação. Vi quatro homens que se revezavam em açoitar o Senhor com azorragues. O meu coração desmaiava só de olhar para esses suplícios. Então, o Senhor me disse estas palavras: Sofro uma dor maior ainda do que esta que estás vendo. E, Jesus deu-me a conhecer por quais pecados submeteu-se à flagelação: foram os pecados da impureza. Oh, por que terríveis sofrimentos morais passou Jesus quando se submeteu à flagelação. - Então, Jesus me disse: Olha e repara bem o gênero humano na presente condição. E, imediatamente, vi coisas horríveis: afastaram-se os algozes de Nosso Senhor e vieram flagela-lo outras pessoas que seguravam nas suas mãos os chicotes e castigavam sem piedade o Senhor. Eram sacerdotes, religiosos e religiosas. Havia leigos de diversas idades e classes - todos descarregavam sua maldade sobre o inocente Jesus. E quando o flagelavam os carrascos, Jesus se calava e olhava para longe, mas quando O flagelavam essas almas que falei acima, cerrava os olhos e um gemido surdo, mas terrivelmente doloroso escapava-lhe do Coração."
5. Antônio Royo Marin, Ordem dos Pregadores, "O Grande Desconhecido, o Espírito Santo e seus dons", Editora Ecclesiae
"A dignidade de uma alma em estado de graça é tão grande, que ante ela se desvanecem como fumaça todas as grandezas da terra. Que significa toda a criação ante um mendigo coberto de andrajos, que no entanto leva em sua alma o tesouro da graça santificante? Há mais distância entre esse mendigo e uma alma em pecado mortal (que carece da graça) do que a distância que existe entre esse mesmo mendigo e o maior dos santos canonizados, incluindo o que há entre ele e a Virgem Maria. A que altura tão egrégia nos eleva a simples possessão da graça santificante!"
Pois bem. Estas pequenas meditações dos santos trazem uma luz à nossas inteligências sobre a grandeza e a gravidade de um pecado mortal.
Mas não quero - longe de mim - gerar em nós qualquer tipo de escrúpulo. O que gostaria de demonstrar é que, em primeiro lugar, a fuga e a exclusão do pecado mortal de nossas vidas é a primeira "meta espiritual" que todos nós devemos ter no horizonte. É claro e evidente que muitas outras coisas precisam ser organizadas antes que esse objetivo seja atingido, e para isso os nossos diretores espirituais devem ser estritamente obedecidos e ouvidos.
Em um mundo - inclusive dentro da Igreja - em que o pecado mortal é considerado como um "acidente de percurso", nossas almas estão tão profundamente desordenadas por dentro que é quase irreal falar em um período curto de purificação e reordenamento interior das nossas almas. Por isso, a virtude da paciência é essencial. Paciência conosco mesmos, com nossas fraquezas e limitações.
Todavia, ter paciência conosco mesmos e ser coniventes e acomodados tem um abismo de diferença. Lembre-se, querido amigo: devemos nos converter.
A fé é o caminho! Peça a conversão ao Bom Deus! Ele nunca nos nega algo que é necessário para a salvação! Por isso, esta boa e piedosa oração é sempre infalível.
Mas lembre-se: você não é um coitadinho miserável que não consegue se libertar, vítima de suas próprias limitações. Talvez sejamos todos preguiçosos, que admiramos "o melhor dos dois mundos". Santa Teresinha também era a alma mais pequena, muitas vezes mesquinha e mimada que o Carmelo de Lisieux já havia recebido.
Mas a graça e a misericórdia do Bom Deus fizeram dela uma das maiores santas dos tempos modernos.
Lembre-se, ó miserável alma: a chaga mais esquecida do Bom Jesus é a chaga dos ombros. Tudo o que Jesus assumiu na paixão, ele redimiu e salvou. O peso da sua própria miséria (o peso da cruz que Ele carregou!) caiu sobre os ombros do Cristo.
E ele carregou até o fim.
Ande! Converta-se!
Vamos à Ele, todos nós que estamos cansados e carregados de fardos, e encontraremos descanso!
Que o Bom Deus te abençoe.
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