Deus é capaz de ferir?
Roubador dos
corações, a força de vosso amor estraçalhou nossos corações tão duros.
Inflamastes todo o mundo em vosso amor. Senhor da sabedoria, inebriai nossos
corações com esse vinho, abrasai-os com esse fogo, feri-os com essa fecha de
vosso amor. Vossa cruz é arco e flecha que ferem os corações. Saiba todo o
mundo que tenho o coração ferido!
Ó grande Amor, o que
fizestes? Vieste para curar e me feristes? Vieste para me ensinar a viver e me
tornastes semelhante a um louco? Ó Sábia Loucura, não viva eu mais sem vós!
Senhor, quando vos vejo na cruz, tudo me convida a amar: o madeiro, vossa
pessoa, as feridas de vosso corpo e principalmente o vosso amor. Tudo me
convida a vos amar e não me esquecer de vós.
Santo Afonso Maria
de Ligório
A frase que
define o autor deste blog, como está escrito acima, é essa: “Um jovem ferido
por Deus, mas miserável. Somos todos pequenos diante de tão grande amigo.”
Muitas e
muitas vezes, ainda no tempo em que só possuía o Instagram (@miseravelalma),
fui questionado algumas dezenas de vezes sobre a natureza da primeira parte da
descrição. Porque ferido? Não seria mais adequado algo menos agressivo,
como apaixonado, inflamado, tocado, experimentado ou algo que não
atacasse tanto os nossos corações sensíveis?
Ainda,
supondo que a palavra ferido seja adequada, que Deus terrível
seria capaz de ferir aqueles que tentam amá-lo? Que Deus é esse que feriu
o coração de alguém?
Ora, o
mesmo Deus que você comunga, o mesmo Deus que você busca, o Deus a quem você
pede perdão, o Rei à quem você se ajoelha quando está no altar, aquele que te
emociona, inflama, enche de amor e misericórdia é um Deus que carrega na
cintura uma espada!
Como assim?
Pois bem,
vejamos:
Essa
experiência aconteceu contigo também. Todos nós, e repito, todos nós que temos alguma
fé tivemos o coração ferido. Não estou falando de experiências místicas
extraordinárias, mas de um simples acontecimento comum à todos nós.
Você já se sentiu
abandonado por Deus? De alguma forma, você sabia que Ele ali estava, mas
sentia-se sozinho, frio, moribundo, sem ânimo, angustiado por sua vida
espiritual? De uma forma ou de outra, você sentiu falta de Deus.
Outro
exemplo: Você escutou uma pregação, ouviu um áudio, uma música, um texto, uma
conversa de um amigo, e, naquele momento, parece que uma luz acendeu e você viu
o amor de Deus por você. E, mais ainda, quis seguir esse Deus de volta.
E então,
você começa a andar. Busca os sacramentos, tenta fazer uma boa confissão, começa
a ter algum tipo de oração... Mas a sua alma miserável ainda não tem força
suficiente para caminhar.
Um dos
títulos de Nosso Senhor é que ele é o Santíssimo Médico das Almas. Se
você ainda não reconheceu isso, quero que reconheça agora: você é um miserável.
Tente fazer algo de bom, e veja que, ainda que você seja capaz, há tantas
outras coisas impossíveis à você! Quem de nós não está cansado de si mesmo?
É aí que
entra a ferida. Para toda ferida, é necessário um médico que possa saciar a
necessidade desta ferida pela cura. Se o nosso Deus nos feriu, é evidente
que só poderia ter ferido os nossos corações com o Amor!
E o nosso
coração ferido precisa de um médico. De um santo médico, de um amoroso médico,
que possa saciar esta ferida aberta que o Bom Deus deixou em nós. Saciar de
amor uma ferida que pede que seja preenchida com amor!
E então,
temos de busca-lo. E nós o buscamos justamente porque, em algum momento,
fomos feridos. Sem a ferida de amor, você jamais buscaria um médico
amoroso!
E então, miseravelmente o buscamos, até que possamos descansar nossas feridas abertas no amor do Cristo:
E então, miseravelmente o buscamos, até que possamos descansar nossas feridas abertas no amor do Cristo:
“Vinde a mim, todos vós
que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e
encontrareis descanso para vós, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve.”
Mateus 11, 28-30
Mateus 11, 28-30
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