O Bispo de Branco
"Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”. Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. 16.Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Respondeu-lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. 17.Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “Amas-me?” –, e respondeu-lhe: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas.* 18.Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. 19.Por essas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: “Segue-me!”."
Evangelho Segundo São João 21, 15-19A tríplice negação de Pedro foi reparada pela tríplice afirmação de seu amor.
Não estamos aqui para falar de Corona Virus. Muito menos de Trumps, Bolsonaros, medidas de isolamento horizontal ou vertical, e muito menos de economia.
Falemos, ao contrário, da Santa Igreja Católica.
Muitos são os críticos ao Papa Francisco. Ainda que não externem a sua discordância, nutrem no coração um sutil afastamento do Papa. E muitas são as razões.
Não tenho qualquer pretensão de dizer que a crise na Santa Igreja não seja séria. É uma grave e profunda crise, não de moral ou de liturgia, mas de fé. Não adianta, queridos irmãos, pedir ao povo que viva a moral e respeite a liturgia - para nomear dois exemplos - se o povo não tem mais fé.
A virtude sobrenatural da fé, o primeiro passo de uma via de santificação e de salvação de uma alma, sobrevive em nós por meio de uma adesão. A fé, enquanto ato, ocorre quando a inteligência e a vontade se dobram diante da verdade, aderindo à ela.
Ocorre que, no que diz respeito à Verdade enquanto tal, essa verdade é sempre una. Para se possuir a fé sobrenatural - e não a mera graça de alcança-la, o que são coisas diversas - é necessário dobrar-se diante de toda a doutrina da Santa Igreja Católica, que é una. Se faltar 1 artigo, 1 ponto da fé católica, por mínimo que seja, a virtude sobrenatural da fé jamais nascerá de facto nesse coração.
Esta é a crise pela qual passamos: o indiferentismo religioso, a depravação sexual - de todos nós -, o relativismo moral, a ausência de qualquer ânimo apostólico, a mundanização da Igreja, a apostasia generalizada dos batizados, o profundo tédio espiritual dos que permanecem na Igreja, a falta de vocações e as crises morais se dão pelo fato de que as pessoas nos bancos das Igrejas - e talvez, até mesmo nos altares - perderam a fé!
É evidente que esse fenômeno não é generalizado. Conheço centenas de pessoas - e você também, tenho certeza - com uma fé viva, ativa, santificante e purificadora, que, ainda que cheias de misérias, elevam à Deus suas ações e sofrimentos pela salvação própria e de todos os demais. Padres, religiosos e leigos. A fé não está morta! Mas está adoentada no coração de muitos...
Nessa crise, o meio mais comum é apontar o dedo da culpa: são esses padres e bispos hereges e omissos que veem o barco afundar e não fazem nada!
Ainda que o pecado da omissão esteja bastante vivo, não acredito que a culpa seja dos nossos padres e bispos. E muito menos do Papa Francisco.
Meus queridos, sejamos profundamente coerentes: a Igreja Católica não é um estado político. Não estamos divididos entre carismáticos e tradicionais, entre marxistas e conservadores, entre progressistas e reacionários. A "apontação de dedos" é uma grave tentação de Satanás para que percamos o foco!
Você realmente pensa que a Igreja Católica jamais passou por escândalos e depravações? Ora, é evidente que, em 2000 anos de história, as heresias modernas são apenas mais algumas na longa lista de cânceres que acometeram o Corpo Místico de Cristo.
Se poderia argumentar que estas heresias modernas causam mais dano. É, pode ser.
Paremos de nos comportar como militantes! Não somos militantes políticos panfletando nas paróquias por uma Igreja mais radical (e uma Igreja mais radical é coisa boa)!
Como diria o Padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior, as almas são salvas uma por uma. Não se trata de panfletagem e militância, mas de oração, pregação e penitência!
Como você acha que os santos salvaram aqueles a quem evangelizaram? Porque, antes de pregar e fazer textos inflamados no Facebook, fizeram penitência pelas almas, jejuaram pela eficácia de seus propósitos e rezaram - muito - por todas as almas.
Voltemos a ser católicos, queridos: não salvaremos o mundo por meio da militância. Salvaremos o mundo da mesma forma que os santos o fizeram: sacrifícios, oração e, só então, pregação. O Senhor é o dono da obra.
Quanto ao Papa Francisco, resta dizer que sua homilia de ontem me tocou profundamente. O seu trabalho enquanto Papa, sendo carregado de um lado a outro pelas corrupções e heresias que atacam a Igreja por dentro, é silencioso: apascentar as ovelhas significa levá-las pelo caminho. E levá-las pelo caminho mesmo com uma multidão de lobos escondidos atrás das árvores do campo onde as ovelhas pastam.
E enquanto o pastor anda, as ovelhas ficam paralisadas, medrosas, analisando se o pastor está indo pelo caminho correto!
E se esquecem, ao contrário, de ser ovelhas e seguirem o seu pastor. De serem católicas e seguirem o santo Padre.
A crise está "braba"? Seja você mesmo um bom católico e jamais se afaste em uma vírgula da fé católica. Ensine esta fé, mesmo que você veja muitos ensinando e vivendo outra!
E reze. Reze mais do que fale. E, se for falar sobre a fé ou não, ofereça um sacrifício ao Bom Deus.
E siga o Santo Padre. Afinal, de qualquer modo, ele os levará a Roma. E Roma nos levará ao céu!
Porque sois tão medrosos? Não tendes fé?
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