Vamos nos converter, pagãos!

Há uma realidade tão óbvia, tão evidente, tão dolorosamente verdadeira, que não se pode mais escondê-la.

O mundo é pagão.

Não se engane, caro amigo católico. Não estou falando dos pobres ateus, agnósticos, esotéricos ou indiferentes que vagam pelo mundo, a quem nós tão caridosamente nos importamos em tentar salvar.

Não estou falando do seu amigo que bebe todas sempre que pode, que vai para a balada na sexta-feira da paixão, que não perde uma oportunidade de declarar seu fascínio por sexo, mulheres e farras.

Não estou falando de comunistas, pedófilos, presidentes, políticos, governos, e ideologias.

Estou falando de você. E de mim.

Não se ofenda, querido amigo. Talvez os seus pecados sejam diferentes e, na sua mente, menos graves que os dos outros. Pode ser que você já esteja mais "próximo de Deus" do que aqueles que você julga estarem tão longe. Mas faça um pequeno exame de consciência e lembre-se de onde viestes, e para onde tantas vezes queres voltar!

Pode ser que não adoremos mais aos deuses gregos, que professemos a fé católica, que vamos à missa aos domingos e confessemos nossos pecados.

Mas será que você é realmente um convertido?

Muitos de nós tiveram um momento específico de conversão. Um momento de oração, uma pregação, um sentimento específico em que experimentamos a presença sublime de Deus e a verdade que estava sendo dita pra nós. De forma lenta, mas real, passamos a viver de forma mais séria todas aquelas coisas novas que se apresentavam pra nós.

Começamos a rezar, confessar, comungar apenas em estado de graça - porque ninguém antes havia ensinado que não poderíamos comungar em pecado mortal. Começamos também, se ainda não tínhamos, a frequentar algum curso de Crisma. Talvez estes momentos possam ter acontecido durante esse ano. Fizemos retiros, amizades, namoros...

Toda a sua vida passou a girar em torno da fé católica: da Igreja! Você tinha um grupo, uma identidade, amigos da Igreja e amigos de fora da Igreja que você queria desesperadamente levar para... a Igreja!

Mas, tão jovens que éramos ou somos, os costumes do mundo facilmente penetram nas paredes rachadas da nossa vida espiritual. E nos acostumamos a viver uma vida mediana, medíocre, morna. Somos convencidamente católicos, e defendemos ardentemente aquilo que a Igreja acredita. Vamos à missa, confessamos nossos pecados sempre que podemos, rezamos de quando em quando, temos uma boa formação, chegamos até a auxiliar na conversão de muitos de nossos amigos!

E tudo isso é coisa boa.

Mas existe, no fundo, um problema.

Enquanto nos emocionamos, servimos e choramos por Deus, dizendo em alto e bom som que "queremos ser santos", vivendo a farra da vida da Igreja, nossa vida espiritual é uma enferma em estado terminal, quando não está morta.

Não se sinta mal: é a situação espiritual de muitos. Vivemos como se a vida cristã fosse esse samba, amando a Deus e o pecado, amando a tranquilidade de consciência dada pela confissão e amando o pecado. E então, pecamos livremente, e voltamos de cabeça baixa para a confissão.

E atenção: não porque queremos firmemente nos livrar do pecado, mas porque queremos a consciência tranquila daquela coisa feia que fizemos.

Eis a notícia: nossa conversão é frágil. Ouso dizer que fomos apenas convencidos, mas não estamos ainda convertidos.
Como fazer, então, para sair do estado terminal e recobrar a saúde?

O primeiro passo, como vimos nos últimos textos, é romper com o pecado mortal. É evidente que isto não é um trabalho rápido e mágico, mas paciente e perseverante.

Você dirá: mas eu estou tentando há muito tempo!
Será que estava realmente tentando? Ou mantinha-se neste samba, buscando conciliar o pecado e a tranquilidade de consciência da confissão?

Se você se identifica com esta realidade, peço firmemente que você se decida! Se decida firmemente a correr, correr com determinação! Custe o que custar, aconteça o que acontecer, murmure quem murmurar, suceda o que se suceder, ainda que você morra no caminho!

Lembre-se: a única coisa que amparará a sua decisão de romper com as amarras do pecado, ainda que você experimente quedas, é a fé.

Se é a impureza que te tenta,
rompa radicalmente com ela. Se é a ira, rompa radicalmente com ela, ainda que doa. Se é a impaciência, respire fundo e não tente controlar o que não está ao seu controle.

Todavia, ainda que você tome todas as decisões possíveis, a única forma possível de se converter é com a oração. Ela é o consolo dos aflitos, a salvação dos pecadores, a calma em meio à angústia, a lembrança e a força dos fracos!

Faça oração. Simples, serena, sem dramas ou confusões. Quando sentir vontade e quando não sentir. Em horários certos, ainda que dure 03 minutos, ainda que seja enquanto realiza outra atividade!

E leia, quando puder. Escute boas pregações. Faça silêncio, não encha seu dia de barulhos.

Aprofunde o seu amor vendo a forma como os santos amavam o Bom Deus.

Se você tem um vício, uma doença espiritual, um mal do qual você precisa libertar-se (como a luxúria, avareza, inveja, ira ou gula), busque o que diziam os santos sobre estes vícios! E como os venceram! O que diziam sobre o pecado, e também sobre este pecado que você tanto luta contra.

Veja também o que diziam os Santos e a Igreja sobre a virtude que você mais precisa adquirir! (Humildade, Mansidão, Castidade, Prudência, prontidão?)

Medite nestes escritos e exemplos dos santos!

E você perceberá que, olhando, lendo e contemplando a vida destes homens e mulheres que eram todos de Deus, nascerá dentro de ti a vontade de imitá-los. E repetindo isto, contemplando o Bom Deus e suas belezas, sua vontade terá crescido tanto que nada mais poderá impedi-la de chegar à Ele. 
E ainda que você seja tentado, o pecado parecerá para ti algo impensável.

A todos aqueles cansados de si mesmos, repousem o coração na Verdade. E ela vos animará! 

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